domingo, 17 de julho de 2011

Chanel ilumina a noite: outono 2012

Por volta das 22h30 do dia 5 de julho, na medida em que o crepúsculo parisiense prolongava-se e deixava-se desbotar na escuridão, conforme pode ser visto na cúpula central do Grand Palais, Karl Langerfeld entregou-nos um momento de alta costura da Chanel que emocionou a fração de fãs de alta costura da audiência.
Chanel ilumina a noite: outono 2012
Seu belo esforço, generoso e infundido numa bravata típica foi um giro experiente de 180 graus em relação à bela e ingênua brincadeira em rosa e jeans azul da última temporada. Ele criou espetaculares boas-vindas, começando com um céu noturno, parte real, parte invenção complementar do poço sem fundo da sua imaginação e dos recursos da Chanel. Para o cenário, Langerfeld idealizou uma réplica completa da Place Vendome em simulação de granito negro, com lâmpadas de rua em vidro e um monumento central, seu famoso chapéu de coco colidindo com uma silhueta de alumínimo semelhante à da própria Mademoiselle Coco.
Isso provou-se conveniente, pois é o mais próximo a Coco que Langerfeld pode chegar – começando pelo seu declarado contraste entre androginia e feminilidade. Ele apresentou ambos os lados em tecidos semelhantes, o antigo clássico de trabalho, paletós quadradas e curvas. (Os homens podem variar o peplum.) A abertura do desfile teve tweeds em preto e branco, alguns bordados com cristais que, embutidos no negro, evocavam o brilho de um falso céu noturno. Fossem quadrados ou sedutores, eles pareciam fantásticos. E eles não paravam de chegar, uma lembrança de que, em algum lugar do passado, costura era significado de guarda-roupa completo e, no seu ponto mais alto, permanece assim. Uma mulher em busca de um vestido pode encontrar um ou dez perfeitos. Para noites grandiosas ela pode escolher entre vestidos muito mais fabulosos do que os típicos uniformes da cor do tapete vermelho. Por exemplo: colunas estruturadas, suavizadas por camadas espumantes na bainha, uma combinação de um trapézio boêmio de franjas, plumas e plissados. Ou ela pode vestir-se, de alguma maneira, com um vestido-camisa de seda, ornamentado com uma colagem de tecido branco. Como o próprio Langerfeld notou antes do desfile “havia muita coisa acontecendo”.
Sobre acessórios, Langerfeld assumiu o broche como a joia da vez. Ele encomendou inúmeras interpretações suficientemente extravagantes para fazer frente a qualquer quinquilharia. Por outro lado, ele favoreceu os panamás de Coco e as botas de malha escura. Para o final, cada menina desfilou em pares de sapato alternados – sapatos-plataforma que ofuscaram a plateia com luzes do tamanho da Europa. Deixe Karl guiar a costura.
Maison Martin Margiela: A alfaiataria tradicional contrastou-se com as roupas de produção técnico-industrial durante o desfile da inventiva coleção da Maison Martin Margiela, que misturou forros de jaqueta costurados a mão, jaquetas de motoqueiro sem forro e meias de compressão. As populares meias esportivas de polipropileno foram reunidas em um agasalho justo que é releitura contemporânea de outro feito por Margiela em 1991 usando meias militares, acompanhado aqui com uma saia verde escura de cobertor de caxemira que evocava a influência de Joseph Beuys. A estética do artista alemão foi sentida no blazer translúcido e no sobretudo montado com tiras de fita amarelada, em um surpreendente efeito sofisticado. O tema da transparência prosseguiu nos paletós e nos casacos feitos a partir de tecido de crina de cavalo numa camada sobre bases vintage de ternos Saville Row para expor suas intrincadas estruturas.
Chanel Otoño 2011 Alta Costura. (CREDITO: WWD)

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