RIO DE JANEIRO - Se a ciência fosse capaz de nos levar para uma
viagem ao túnel do tempo, há 20 anos, desembarcaríamos no mesmo
Rock in Rio, em 1991, para ver ao vivo a banda de rock mais importante
naquele momento. Adolescente, garoto, jovem, adulto... Quem gostava
de rock com pitadas generosas de agressividade tinha ao menos um CD
no som do quarto ou no discman (a era MP3 viria mais tarde) da banda
mais popular e ousada do planeta, capaz de vender milhões e milhões de
discos. Seu nome: Guns N´Roses.
Tudo bem, claro que não existe máquina do tempo, e quem olha hoje para
a banda observa os dois únicos integrantes da formação (quase) original
longe da mesma volúpia que marcou a sua surpreendente ascensão na cena musical:
o tecladista Dizzy Reed acompanha a banda, enquanto que a barriga à la Ronaldo de
Axl Rose deixa saudade da época que sua voz singular
não era estridente a ponto de, em alguns momentos, incomodar o ouvido.
Resumindo: para fechar o palco Mundo e o próprio Rock in Rio,
no dia 2 de outubro, não teremos aquele Guns N´Roses capaz de empolgar.
Quer dizer, depende do seu grau de exigência: se não ligar para os atrasos
costumeiros na apresentação, além dos motivos já apresentados
(que devem deixar Axl morrendo de inveja de Mick Jagger)
, o fã vai se empolgar e muito com uma apresentação recheadíssima de sucessos,
como “Paradise City” (música que costuma encerrar os shows da banda),
“Welcome to the Jungle”, “Sweet Child O´Mine”, “November Rain”, etc.
Todas estas canções fizeram a cabeça de uma juventude ávida
por novidades que a afastasse da “mesmice” que marcou o rock dos anos 1980
. Foi neste cenário que a banda surgiu na mesma década, em Los Angeles,
nos Estados Unidos, da fusão de dois grupos de amigos que resolveram se juntar:
a Hollywood Rose (que contava com Axl) e L.A. Guns. Nascia o Guns N´Roses,
que logo depois incorporaria talvez o seu membro mais importante na ideia
de fazer algo, de fato, diferente. Seu nome era Slash, mas pode chamar de
guitarra inconfundível.